Boas a todos! Cá estou eu, João
Venceslau, de volta ao bloguismo para vos falar de assuntos interessantíssimos
e confrontar-vos com questões muito importantes do foro psicológico humano,
neste caso, do Português.
Como sabem está a decorrer o
mundial 2014 no Brasil e a nossa selecção não se portou
ao nível das expectativas dos portugueses, que eram excessivamente altas para
começar. Este comportamento que creio eu é tipicamente português viu-se bem
na selecção e na reacção de muitos adeptos portugueses. Para começar, a
excessiva excitação acerca do mundial e da selecção também alimentada em grande
parte pelos media portugueses onde não se falava de outra coisa a não ser selecção,
jogadores e mundial deixaram as expectativas tão altas para este mundial que
todos estavam convencidos que a taça já “cá cantava”, óbvio que não tanto que,
quando a selecção sofreu 4 golos frente aos alemães no primeiro jogo e ainda se
juntaram 3 jogadores lesionados e outro expulso que a desilusão, que era
inevitável que chegasse, se sobrepôs instantaneamente à confiança e o
sentimento de revolta substituiu a euforia transformando o Bestial em Besta.
Outra coisa incrível e
positivamente tuga foi a atitude dos jogadores perante as adversidades. Logo no
jogo contra a Alemanha a equipa estava tão apática que isso se evidenciava nas atitudes que esta teve em campo, já não lutavam nem
acreditavam na passagem da fase de grupos, quanto mais na vitória. Essa falta
de garra foi também evidente contra os EUA e o Ghana em que a nossa selecção
supostamente superior às duas mencionadas não conseguiu mais que um empate e
uma magra vitória por 2-1 ficando pelo caminho neste mundial.
Fora de mundialidades, o que
quero dizer é que os portugueses rapidamente passam de euforia para depressão
tão rapidamente como mudam de roupa interior (espero que seja diariamente, vá
lá pessoal, higiene!). E a apatia é tão grande que muitos perdem
oportunidades, desafios, etc. sem sequer tentarem. Quem nunca ouviu um
português dizer “Para quê votar? X vai ganhar de certeza” ou “Meh, os políticos
são todos iguais, votar em quem e para quê?” (esta última até é bem vista, mas
deve-se votar de qualquer das formas, nem que seja em branco) ou ainda “Manifestações?
Para quê se eles não nos ouvem”. Estes são muitos exemplos da profunda apatia que se
vive em Portugal, a tal atitude de encolher os ombros e dizer “Não quero saber,
o problema não é meu”, pior mesmo é que até é. Se o país está a atravessar
dificuldades a responsabilidade é em grande parte do povo português, porque nós
elegemos as pessoas incompetentes que nos trouxeram a este estado e como povo
cabe a nós também retirar-nos desta situação e para isso deve-se lutar, nada
cai do céu, não há cliques, não vão aparecer D. Sebastiões do nevoeiro e ninguém
nos vem salvar, se é para sair temos de procurar a saída e lutar por ela.
Muitos amigos meus estão e eu
próprio já estive nesta situação de profunda apatia que se verifica também nos
jovens portugueses em que o mais habitual era dizer “Ah, não há trabalho, para
quê procurar” ou “Eu mandei currículos e ninguém me respondeu, para quê
continuar a mandar?” ou também “Para quê inscrever-me no instituto do emprego?
Nunca me deram nenhum trabalho.” Entre outras. Mais uma vez, sem sequer
tentarem já desistiram, em muitos casos vim a saber que nem trabalho procuraram
ou não eram proactivos na sua procura, ou que rejeitaram propostas de inserção
em formações remuneradas ou estágios no instituto do emprego, mas lá está a tal
apatia e creio eu depressão falava mais alto e o jovem português desanimado
sempre a encolher os ombros porque para quê lutar se à partida já saíram
derrotados na sua batalha por uma vida melhor, porque no fim de contas a vida
é isso, uma constante luta pelos nossos direitos, pelo que achamos ser melhor
para nós e pelas nossas crenças, se nos deixamos ir abaixo e nos rendemos à apatia e depressão, mais
facilmente seremos presas da injustiça, da ganância dos outros e seremos alvos
fáceis para exploração a todos os níveis pelos que têm maior poder e influência. Por isso
a quem estiver a ler isto, se souber de alguém que esteja nesta situação há que
a ajudar a retirar deste estado lastimável em que as pessoas se transformaram em objectos inanimados e sem
vida, totalmente livres da alegria de viver. É absolutamente necessário acabar com isto não só
para o bem-estar dessas mesmas pessoas, como para o de todos os outros que
estão dependentes deles.
Dito isto, espero que os
portugueses reencontrem energia e força redobradas para enfrentar
dificuldades e quebrar barreiras para se libertarem da corrupção, injustiça, diferença de direitos e também cumprir objectivos pessoais e quem sabe um dia transformar
os seus sonhos em realidade. FORÇA PORTUGUESES!