domingo, 29 de junho de 2014

O Mindset Português, uma bola de neve de negatividade

Boas a todos! Cá estou eu, João Venceslau, de volta ao bloguismo para vos falar de assuntos interessantíssimos e confrontar-vos com questões muito importantes do foro psicológico humano, neste caso, do Português.

Como sabem está a decorrer o mundial 2014 no Brasil e a nossa selecção não se portou ao nível das expectativas dos portugueses, que eram excessivamente altas para começar. Este comportamento que creio eu é tipicamente português viu-se bem na selecção e na reacção de muitos adeptos portugueses. Para começar, a excessiva excitação acerca do mundial e da selecção também alimentada em grande parte pelos media portugueses onde não se falava de outra coisa a não ser selecção, jogadores e mundial deixaram as expectativas tão altas para este mundial que todos estavam convencidos que a taça já “cá cantava”, óbvio que não tanto que, quando a selecção sofreu 4 golos frente aos alemães no primeiro jogo e ainda se juntaram 3 jogadores lesionados e outro expulso que a desilusão, que era inevitável que chegasse, se sobrepôs instantaneamente à confiança e o sentimento de revolta substituiu a euforia transformando o Bestial em Besta.

Outra coisa incrível e positivamente tuga foi a atitude dos jogadores perante as adversidades. Logo no jogo contra a Alemanha a equipa estava tão apática que isso se evidenciava nas atitudes que esta teve em campo, já não lutavam nem acreditavam na passagem da fase de grupos, quanto mais na vitória. Essa falta de garra foi também evidente contra os EUA e o Ghana em que a nossa selecção supostamente superior às duas mencionadas não conseguiu mais que um empate e uma magra vitória por 2-1 ficando pelo caminho neste mundial.

Fora de mundialidades, o que quero dizer é que os portugueses rapidamente passam de euforia para depressão tão rapidamente como mudam de roupa interior (espero que seja diariamente, vá lá pessoal, higiene!). E a apatia é tão grande que muitos perdem oportunidades, desafios, etc. sem sequer tentarem. Quem nunca ouviu um português dizer “Para quê votar? X vai ganhar de certeza” ou “Meh, os políticos são todos iguais, votar em quem e para quê?” (esta última até é bem vista, mas deve-se votar de qualquer das formas, nem que seja em branco) ou ainda “Manifestações? Para quê se eles não nos ouvem”. Estes são muitos exemplos da profunda apatia que se vive em Portugal, a tal atitude de encolher os ombros e dizer “Não quero saber, o problema não é meu”, pior mesmo é que até é. Se o país está a atravessar dificuldades a responsabilidade é em grande parte do povo português, porque nós elegemos as pessoas incompetentes que nos trouxeram a este estado e como povo cabe a nós também retirar-nos desta situação e para isso deve-se lutar, nada cai do céu, não há cliques, não vão aparecer D. Sebastiões do nevoeiro e ninguém nos vem salvar, se é para sair temos de procurar a saída e lutar por ela.

Muitos amigos meus estão e eu próprio já estive nesta situação de profunda apatia que se verifica também nos jovens portugueses em que o mais habitual era dizer “Ah, não há trabalho, para quê procurar” ou “Eu mandei currículos e ninguém me respondeu, para quê continuar a mandar?” ou também “Para quê inscrever-me no instituto do emprego? Nunca me deram nenhum trabalho.” Entre outras. Mais uma vez, sem sequer tentarem já desistiram, em muitos casos vim a saber que nem trabalho procuraram ou não eram proactivos na sua procura, ou que rejeitaram propostas de inserção em formações remuneradas ou estágios no instituto do emprego, mas lá está a tal apatia e creio eu depressão falava mais alto e o jovem português desanimado sempre a encolher os ombros porque para quê lutar se à partida já saíram derrotados na sua batalha por uma vida melhor, porque no fim de contas a vida é isso, uma constante luta pelos nossos direitos, pelo que achamos ser melhor para nós e pelas nossas crenças, se nos deixamos ir abaixo e nos rendemos à apatia e depressão, mais facilmente seremos presas da injustiça, da ganância dos outros e seremos alvos fáceis para exploração a todos os níveis pelos que têm maior poder e influência. Por isso a quem estiver a ler isto, se souber de alguém que esteja nesta situação há que a ajudar a retirar deste estado lastimável em que as pessoas se transformaram em objectos inanimados e sem vida, totalmente livres da alegria de viver. É absolutamente necessário acabar com isto não só para o bem-estar dessas mesmas pessoas, como para o de todos os outros que estão dependentes deles.


Dito isto, espero que os portugueses reencontrem energia e força redobradas para enfrentar dificuldades e quebrar barreiras para se libertarem da corrupção, injustiça, diferença de direitos e também cumprir objectivos pessoais e quem sabe um dia transformar os seus sonhos em realidade. FORÇA PORTUGUESES!

2 comentários:

  1. Gostei muito do texto e das ideias, parabéns!Concordo com muito! Em relação à Selecção Nacional há várias situações na minha opinião:

    - Os portugueses ligam de mais à selecção (o problema não é o gostar, uma pessoa é livre de adorar o que quiser), é sobrevalorização em relação a outras coisas que são mais importantes e as transferências sociais e pessoais para o sucesso do futebol;

    - A comunicação social exagerou e depois do jogo da Alemanha crucificou muitos (entao so ai criticarem os estagios da selecçao e começarem a fazer comparaçoes com o Oliveira e Mundial da coreia foi um bocado ridiculo, pelo jornalismo dos que sao profissionais).

    - O Paulo bento fez aquelas escolhas que treinadores de bancadas como nós criticámos logo, como é logico. Mas por mais que saibamos de bola, nao sabemos arealidade exacta da selecçao nem temos o know-how de quem la esta. A partir do momento que temos estes jogadores, analisamos as opções do bento mas os jogadores não correram mais também pelas lesões, desgaste da epoca e clima.

    - Sabíamos que o Cristiano estava limitado também.

    - Aqui demonstra que selecções neste momento superiores e mais bem sucedidadas correram menos. Correr mais nao e sinonimo de correr bem :http://2.bp.blogspot.com/-dmEdFP5JXC0/U66uSp5dCsI/AAAAAAAAb2E/TCdkU1pFnWE/s1600/visaodemercado.png

    - não resisti. Sinopse do país que so liga ao futebol sem equilibrio: https://fbcdn-sphotos-e-a.akamaihd.net/hphotos-ak-xpf1/t1.0-9/10384472_805930386092409_3218411884414832612_n.jpg

    - ligar ao futebol com equilibrio é saudável.

    - A atitude de variação de humor e melancolia que falas é já uma característica traço da personalidade social na minha opinião. A situação da crise faz aumentar a esperança no futebol pela sua expressao social em portugal. Mas há muitas transferências.

    Se as pessoas tiverem noção deste fenomeno da melacolia, pragmatismo, falta de iniciativa, se tiverem esse juizo critico e insight já terão maior capacidade de reacção. porque é normal tê-la, independentemente de factores individuais e sociais, faz parte da vivencia humana na sociedade moderna. O importante é o equilibrio e a capacidade de avaliação. A partir pode-se delinear estratégias de combate e melhoria da situação pessoal com influencia na esperança, optimismo, gratidao, eficácia, auto.estima e felicidade. Até a positividade se treina e é um aspecto muito importante. o rácio de emoções positivas que sao necessarias para contrariar o efeito de uma negativa é de 3 para 1. somos biologicamente mais propensos à negatividade 3 vezes mais. Advém das amigdalas do nosso sistema nervoso reptiliano (semelhante ao dos repteis), uma das partes mais internas e primitivas do Sistema nervoso central. Significa que reagimos também melhor a tudo o que constitua perigo para a nossa integridade, mas nos tempos modernos, que também somos mais sensiveis ao stress. A coisa boa é que podemos treinar o cerebro e moldá-lo (neuroplasticidade) para sermos positivos :). Um bom insight é o melhor começo e ajuda. E ninguém é perfeito ;)

    ResponderEliminar
  2. Que Enorme blog, do nosso enorme João , Continua assim forte irmão , viva Portugal.

    ResponderEliminar