terça-feira, 29 de julho de 2014

What defines us

Há alguns dias atrás estava aborrecido em casa e decidi pegar num DvD e ver um filmezito para passar melhor o tempo. Peguei no TRANSFORMERS e rapidamente atirei-o pela janela fora, de seguida algo captou a minha atenção. Escondido nas trevas do armário onde guardo os DvD lá estava ele, à espera, sempre atento ao que o rodeia, mas muito cauteloso e solitário manteve-se no lugar (ou então por não ter vida, talvez seja por isso). Estiquei o braço de forma a alcançar este DvD misterioso e quando vi qual era apercebi-me o porquê do seu comportamento. BATMAN BEGINS, um filmaço do Sôr Cristopher Nolan, um realizador britânico que graça em grande parte ao Caped Crusader se tornou um dos realizadores mais conceituados de Hollywood.

Que filme é este pergunta o leitor (há leitor?!) espantado ao qual eu respondo: É um filme bué de fixe sobre um gajo que se veste de morcego e combate o crime organizado!
Mas eu sou estúpido, porque é muito mas que isso. Este filme contém em si uma visão do homem que é possivelmente uma das mais verdadeiras de todas. Numa cena em que Bruce Wayne (que também é o Batman) encontra a sua amiga de infância Rachel Dawes à saída dum hotel que tinha acabado de comprar, confrontam-se e depois de Wayne se desculpar que os seus comportamentos de playboy milionário eram apenas uma forma de ele se esconder e proteger, Rachel responde It’s not who you are underneath, but what you do that defines you. Reflectindo um pouco sobre esta frase, pode-se verificar que é uma forma das formas mais correctas de definir as pessoas em geral. Penso que todos podemos concordar que, por exemplo, Adolf Hitler foi um genocida e louco e Nelson Mandela um visionário e pacifista. Pode-se argumentar: Existe mais numa pessoa do que aparenta e embora possa cometer actos de moralidade questionável possa ser à mesma uma boa pessoa, sim é verdade mas se essa pessoa continuar a cometer esses mesmos actos imorais bem pode ser uma florzinha por dentro o que prevalece é o que é feito e não em muitas vezes as intenções, mas esta discussão fica para outro dia (ou post).

No entanto isto aplicado no geral é muito bonito, mas muitas vezes não existem casos tão extremos como o de Hitler e Mandela e aí como funciona? Não será mais sensato avaliá-los não só pelo que essa pessoa fez, mas também pela questão interior? E é aí que está a beleza de esta citação no filme, porque como se sabe o Wayne é apenas uma “máscara” do verdadeiro Wayne agora conhecido como Batman que luta literalmente pelos seus valores e por outras pessoas que não têm tanta facilidade em fazê-lo. Acaba por haver aqui uma certa contradição no que disse Rachel e o verdadeiro significado da frase vem ao de cima: claro que o que define uma pessoa é principalmente o que ela faz, mas como é óbvio também tem peso o restante, como os métodos utilizados, como e porque foi feito e aí por diante.


Para finalizar e saíndo um pouco fora do tema gostaria de dizer que o que é mais importante em toda esta reflecção que se iniciou com uma pequena análise duma citação dum filme pode existir em qualquer dia e qualquer hora com qualquer coisa, isto é, como seres humanos podemos aprender muito uns com os outros, independentemente das diferenças culturais ou de valores, com pessoas com maior ou menor educação, o importante é a experiência e retirar algo de positivo desta, mesmo que tenha sido essencialmente negativa e que o que se aprende seja não voltar a fazê-la. Nunca duas experiências são iguais e há sempre algo de novo a retirar delas, e crescer não é só para as crianças, há muito espaço para amadurecer e expandir a mente e a visão enquanto se é vivo.

1 comentário:

  1. Concordo plenamente! É uma realidade natural à existência humana e para mim sempre foi o mais fascinante da personagem e dos filmes, é o que gosto mais de sentir e reflectir quando o vejo, esse e outros contextos especicificos da experiência humana. Para mim é onde está a riqueza da personagem :) Cheio de intenções está o mundo, sem acções tudo é diferente. Gostei muito também do último parágrafo também porque é o que realmente mais intressa para a nossa prática quotidiana. A capacidade de avaliar justamente ou fazer juizos de valor, avaliar apenas as acções do outro ou ter noção da riqueza e do próposito que os motiva. Muitas vezes avaliamos alguém no dai a dia por algo que parece descabido sem saber o conhecimento e os motivos que o movem. Muitas vezes julgamos os outros com base nos nossos padrões comportamentais ou de conhecimento, desconhecendo totalmente as da outra pessoa. Isso é importante quando convivemos e trabalhamos em conjunto. "Se quer conhecer o carácter de um homem, dê-lhe poder", é uma bela verdade. A pessoa que tem poder sobre outra e que demonstra empatia, abertura e respeito pelos que estão abaixo(nessa cadeia de poder) demonstra ser inteligente, ter visão e uma grande panóplia de capacidades pois tem noção, inclusivé, das suas próprias limitações. E as que o são assim naturalmente ou com esforço quando estão em más situações profissionais, físicas, psicológicas, emocionais,etc dão um dos muitos indicadores de serem uma pessoa fantástica :)

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